Preliminar do que virá com a Epidemia na Economia do Brasil
Em recente pesquisa do Sebrae , duas informações me chamaram a atenção.
A primeira é que, apesar das medidas anunciadas pelo governo federal no que se refere ao financiamento das empresas, 60% das PMEs que buscaram crédito para sobreviver à crise provocada pelas medidas de combate ao coronavírus, tiveram o crédito negado; 29% estavam aguardando resposta e apenas 11% conseguiram.
Embora preocupante, isto era previsível pois o mercado financeiro exige garantias, e num cenário em que há muita procura por crédito, é natural que as instituições financeiras fiquem mais rígidas para liberar recursos.
A segunda informação e bem mais preocupante, nos dá uma dimensão do cenário econômico que está sendo desenhado. Segundo estimativa do Sebrae, já fecharam, por conta da crise, 600 mil empresas e as demissões totalizam 9 milhões de trabalhadores.
Para termos uma ideia da proporção, o Brasil fechou fevereiro com 12,3 milhões de desempregados (taxa de 11,6%). Fazendo uma conta rápida chegaríamos 21,3 milhões de desempregados e uma taxa superior a 20%.
Vale lembrar que a maior taxa de desemprego alcançada na história do Brasil foi de 13,7% em 2017.
Importante ressaltar que é um número preliminar, haja vista que a pesquisa foi finalizada em 07 de abril; portanto, antes das prorrogações das medidas de isolamento social, decretadas pelos governos estaduais.
Em meio a este momento turbulento, outra notícia me chamou a atenção:
A notícia era que a cidade considerada a capital catarinense do calçado, São João Batista, havia demitido mais de 2,5 mil trabalhadores, o que, segundo o sindicato, representa cerca de 40% da mão-de-obra formal do setor.
Por curiosidade, entrei no site do IBGE Cidades para analisar algumas informações de São João Batista, conforme segue:
•População 2019: 37.424;
•População ocupada: 10.034;
Com estes dados, conseguimos entender que as demissões resultaram em uma diminuição do trabalho formal total da cidade de 24,91%.
Outro número importante é que, apenas estas demissões correspondem a uma taxa de desemprego de 13,36%, isto é, sem considerar o desemprego já existente na cidade.
Quantos exemplos parecidos teremos Brasil afora?
Me questiono: as medidas de isolamento social precisariam ser para todos os 5.570 municípios, nos quais menos de mil, ou seja, mais de 4.500 municípios não apresentaram nenhum caso de covid-19? Nestes municípios as medidas não poderiam ser mais flexíveis?
Em recente entrevista ao o Estadão , o genial Harari , afirma que “não há um roteiro único de como lidar com a epidemia e a crise econômica”.
Encerro desejando serenidade aos nossos governantes, pois os brasileiros nunca dependeram tanto dela.
Artigo escrito por Cezar Junior
Bacharel em Administração de Empresas e atua como consultor de gestão empresarial na Alicerce – Soluções Estratégicas e Finanças – http://alicercesolucoes.com.br/
Pesquisa disponível em: https://sebraers.com.br/pesquisa-do-sebrae-mostra-que-60-dos-pequenos-negocios-que-buscaram-emprestimo-tiveram-credito-negado-depois-da-crise/
A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 7 de abril.
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/04/10/cidade-da-grande-florianopolis-registra-25-mil-demissoes-durante-o-decreto-de-isolamento-social-diz-sindicato.ghtml
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/sao-joao-batista/panorama
Jornal O Estado de S. Paulo, Domingo, 12 de abril de 2020, pag. H8
Yuval Noah Harari, Historiador Israelense e autor dos Best Sellers: Sapiens: Uma breve História da humanidade; Homo Deus: Uma breve história do amanhã e 21 lições para o século 21
ÓTIMA análise, na verdade esses números mostram o quanto precisamos nos preocupar também com a questão econômica, se menso de um mês de paralisação temos esse cenario, imagina meses?
Pois é, esta análise foi feita durante a primeira onda de quarentena que se encerraria em 07 de abril, imagina depois de extende-la e atrapalhando o comércio em duas datas importantíssimas, páscoa e dia das mães. Os números serão muito piores.